Hempton é um áudio-ecologista que percorre o planeta em busca de lugares onde não haja nenhum tipo de ruído além dos sons da natureza, onde exista a "completa ausência de vibrações mecânicas audíveis".
Gordon Hempton
Essa pesquisa vem sendo feita por ele há vários anos, e o que mais me interessou foi a conclusão que os espaços onde os ruídos são nulos são extremamente insignificantes comparado à quilômetros e quilômetros de ruidos, que acaba nos afetando de uma maneira ou outra, pois acredito que precisamos de silêncio.
Me remeteu automaticamente ao mesmo conceito que Vilém Flusser emprega em relação à informação, que é composta de redundância, informação e ruído. Ruído significa qualquer coisa que interfira na mensagem que chega ao receptor, e o "atrapalha" de certa forma na interpretação desta; porém toda mensagem possui ruído, assim como o mundo todo que vivemos hoje é repleto de ruídos por todos os lados, onde chega a ser quase impossível captar o mais puro dos sons: o silêncio absoluto.
Contudo, numa perspectiva boa disso tudo, podemos então utilizar desse ruído para criarmos, fazendo dele a brecha no sistema de informação e instruir as pessoas para que possamos viver em um mundo melhor.
Como por exemplo nessa peça publicitária interessante do governo de Santa Catarina sobre os trotes feitos para o SAMU.
O ruído da mensagem cria sua autenticidade e acaba mobilizando as pessoas, mostrando a elas que um simples ruído (que seria o que atrapalha o funcionamento do sistema de informaçao do SAMU, causada pelas pessoas que passam trote) pode levar, nesse caso, à morte daqueles que realmente precisam do socorro. E esse é um dos casos onde o que falta é o que de mais simples pode (ou pelo menos deveria) existir, o silêncio.
Em 2008, na exposição dos 50 anos da Bossa Nova no Brasil, havia um espaço chamado câmara anecóica onde os visitantes experimentavam o silêncio absoluto, que acredito que o objetivo era passar mais ou menos essa ideia da ausência de ruídos para um mundo melhor.
Exposição "Bossa na Oca", de 2008.